Economista do Dieese diz que investimentos públicos serão fundamentais para sair da crise
31.Julho.2020 - 16h55min

O Sintrajufe/RS divulgou nesta quinta-feira, 30, matéria trazendo dados preocupantes sobre o aumento do desemprego no Rio Grande do Sul e, como um todo, no Brasil. No estado, desde o início da pandemia, já há um saldo negativo de mais de 120 mil empregos. Nesta nova matéria, conversamos com Daniela Sandi, economista e técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a respeito do cenário de momento e das projeções para o futuro. Ela é incisiva: sem investimentos públicos, não há saída para os trabalhadores.
Sobre a pesquisa do próprio Dieese divulgada na primeira matéria do Sintrajufe/RS, Daniela explica que não se trata de uma medição do número de desempregados no total, sendo, na verdade, o registro administrativo, informado pelas empresas, referente ao fechamento ou à criação de vagas de trabalho formais. Muitos, destaca a economista, não estão procurando emprego, “pois não vão empreender esforços físicos e financeiros sabendo que não vão encontrar”. Assim, afirma, a situação é ainda pior do que o estudo demonstra.
No Brasil, no trimestre em que a crise sanitária se agravou no país, de março a maio, 7,8 milhões de pessoas perderam o emprego. O resultado da taxa de desemprego só não foi ainda mais elevado porque quem foi demitido não buscou emprego, desestimulado pelas medidas de isolamento social, pelo receio de contrair o vírus e pela própria percepção de falta de oferta de vagas. Mais de 9 milhões de pessoas deixaram a força de trabalho em apenas um trimestre. Ela lembra que, pela primeira vez, o Brasil tem mais pessoas desempregadas do que ocupadas entre as que são consideradas parte da força de trabalho. É o pior momento em termos de pessoas fora do mercado de trabalho, lamenta a economista. E o único recurso que o governo oferece aos mais pobres, o auxílio emergencial, mal cobre o custo de uma cesta básica (R$ 512).
Investimentos públicos
Daniela comenta que o país já vinha atravessando crises econômicas e sanitárias, e a pandemia agravou um cenário que já era comprometido pela agenda neoliberal. Mesmo assim, Jair Bolsonaro (sem partido) e Paulo Guedes seguem com a mesma política, de redução do custo do trabalho e retirada de direitos. Não há, conforme Daniela, saída fora da mudança econômica, com maior presença do Estado e maiores investimentos em saúde, educação, infraestrutura, entre outros.
Para isso, defende a entrevistada, é imprescindível uma articulação entre as políticas públicas e os diversos entes federativos e a União, com ampliação dos investimentos públicos, financiamento de políticas de renda e manutenção de empregos, disponibilização de crédito acessível às micro e pequenas empresas (inclusive com risco de crédito compartilhado entre bancos e governo) que permita a superação da crise. Uma política de renda também se torna emergencial, porque a perspectiva para os próximos meses é de uma queda considerável da renda das famílias, com endividamento.
E o momento é de urgência: a pesquisadora adverte que a forma como cada país lida com a crise gerada pela pandemia fará toda a diferença ao final desse período difícil. Fará diferença no número de mortos e também na economia. Os países cujos governos não ampliaram despesas, sobretudo as sociais, que “escolheram a medíocre estratégia de continuar reduzindo direitos”, terão menos riquezas e mais miséria.
Reforma tributária
De acordo com Daniela, é necessária, ainda, para construir a saída da crise, uma reforma tributária que não penalize quem tem menor renda e que taxe os mais ricos, as grandes rendas e fortunas, jatinhos, iates e outros artigos de luxo que hoje são isentos. Assim, precisa ser colocada em marcha uma discussão sobre o Imposto sobre Grandes Fortunas, sobre aumentar os impostos sobre a propriedade de terra, melhorar a cobrança do imposto sobre herança e doações, tributar os lucros e dividendos distribuídos, corrigir a tabela do Imposto de Renda e aumentar a progressividade. O contrário do que Bolsonaro e Guedes querem fazer: taxar o consumo e deixar a especulação e os grandes patrimônios protegidos.
Importância dos sindicatos
Daniela entende que, neste contexto, o papel dos sindicatos é fundamental. Essas entidades são interlocutoras das demandas da classe trabalhadora frente aos empresários e ao governo. E os trabalhadores e as trabalhadoras são os mais expostos aos expostos aos riscos econômicos e sociais que virão. Também estão mais expostos ao contágio, uma vez que são eles que utilizam transporte público, além de executarem as atividades laborais em locais com grande concentração populacional.
A economista avalia que, desde o início da pandemia, sindicatos de diferentes categorias em todo o Brasil têm buscado garantir os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras. Foram diversos acordos firmados, nos últimos dois meses, nos setores de comércio, indústria, bancos, construção civil, saúde, transportes, tele atendimento, vestuário, hotéis e restaurantes. Destacam-se medidas para preservar a saúde dos trabalhadores, como ações de segurança, prevenção e higiene no ambiente de trabalho e garantia do emprego. Ela explica que as entidades sindicais têm buscado inovações, como a realização de assembleias virtuais e o estabelecimento de canais eletrônicos de informação para auxiliar os trabalhadores. O principal objetivo, neste momento, é a proteção da vida e dos empregos de trabalhadoras e trabalhadores.
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